FELIPE SANTA CRUZ

Na sessão ordinária do Conselho Seccional do dia 18 de maio, quando decidimos, depois de muitos e intensos debates, levar ao Conselho Federal nossa posição pelo afastamento do presidente da República, Michel Temer, houve, ao mesmo tempo, preocupação e determinação.

Preocupação por entendermos a extrema gravidade política e institucional do momento em que o presidente da Nação é envolvido em sérias denúncias na operação Lava-jato. Determinação por entendermos que cabe à advocacia afirmar seu compromisso inarredável com a democracia e com a Constituição, e que o presidente Temer deixou de ter condições para liderar, com a legitimidade necessária, reformas estruturais tão profundas como a trabalhista e a previdenciária, que afetam a todos os brasileiros e retiram direitos garantidos há décadas.

Dois dias depois de sua deliberação, o Rio de Janeiro e mais 25 seccionais decidiram, no Conselho Federal, levar à Câmara dos Deputados pedido de abertura de processo de impeachment contra o presidente da República, por crime de responsabilidade.

Desde então, nossa sede vestiu luto, e assim deve continuar até que a população possa legitimar, em eleições diretas, a quem caberá a condução do país e das reformas que se façam necessárias. Dizemos não a essas que tentam nos empurrar e que representam um boleto emitido aos trabalhadores para pagarem a conta da crise institucional e econômica.

Apoiamos a PEC 227/2016, de autoria do deputado Miro Teixeira, que permite eleições diretas para a Presidência da República em caso de vacância do titular.

Nossa Casa, independente e livre de amarras partidárias, continua atenta e atuante para que a sociedade brasileira tenha respostas aos seus anseios e questionamentos. Só assim poderemos, enfim, chegar juntos à saída de tão grave crise.