03/08/2018 - 20:59

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Não há mais espaço para falta de ética no Judiciário, afirma ministro Gilson Dipp

03/08/2018 - 20:59

Não há mais espaço para falta de ética no Judiciário, afirma ministro Gilson Dipp

'Não há mais espaço para falta de ética no Judiciário', afirma ministro Gilson Dipp

 

Aline Coelho

 

Se o Judiciário brasileiro não tinha estatísticas ou plano de gestão, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) surgiu como um divisor de águas em 2004, uniformizando práticas e fiscalizando sua atuação em todo o país. Essa é a percepção do corregedor do Conselho, ministro Gilson Dipp, que ministrou palestra no Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB), no dia 27 de janeiro.

 

"Não há mais espaço para a falta de ética no Poder Judiciário", afirmou Dipp, com a concordância dos presidentes da OAB/RJ, Wadih Damous, e do IAB, Henrique Maués, que também participaram de solenidade. O ministro comentou a pesquisa Índice Latino Americano de Transparência Orçamentária, realizada no Brasil pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), e cujo resultado mostrou que no Brasil e em muitos países da América Latina, o Poder considerado menos transparente pela sociedade é o Judiciário. Ele disse acreditar que, aqui, a Justiça tem tentado uma aproximação com o público, em muito graças às audiências públicas, nas quais os cidadãos são colocados lado a lado com magistrados e presidentes de tribunais.

 

Em um desses encontros, Maria da Penha Maia, a mulher que inspirou a lei homônima que combate a violência doméstica, se pronunciou e cobrou mais celeridade para um processo seu, que estava na Justiça há quase 20 anos. "A sociedade busca uma postura mais eficiente e menos 'olímpica' dos operadores da Justiça", reiterou Dipp.

 

No ano passado, foram ajuizados cerca de 70 milhões de processos, praticamente um para cada três brasileiros: "Esse número não é um encargo, mas a prova de confiança na efetividade da Justiça. Lamentável seria se não houvesse nenhuma demanda". Dipp lembrou que a meta para 2009 era que todos os processos abertos até dezembro de 2005 fossem julgados. "Conseguimos que cerca 60% fossem resolvidos, e o estado com o melhor desempenho foi o Rio de Janeiro, considerado um dos mais congestionados. Nunca se julgou tanto quanto em 2009", comemorou.

 

O corregedor do CNJ reafirmou ainda a obrigatoriedade de os juízes receberem os advogados, com ou sem hora marcada, com critérios estabelecidos harmonicamente entre eles.

 

Wadih: CNJ combate corporativismo

 

Wadih Damous parabenizou o ministro pela atuação do CNJ, que investiga supostos casos de corrupção no Tribunal de Justiça do Rio: "Deve-se acabar com o corporativismo, espero que essa ação faça história e sirva de exemplo em outros estados".

 

Por votação unânime dos conselheiros do CNJ, o corregedor-geral de Justiça do Rio, desembargador Roberto Wider, foi afastado, respondendo a processo administrativo disciplinar pela suspeita de que teria favorecido, no exercício das funções, o lobista Eduardo Raschkovsky. Gilson Dipp afirmou que as denúncias contra Wider serão devidamente investigadas em processos nas esferas legal, administrativa e disciplinar. "Não temos um prazo para o resultado, mas o CNJ não tem um histórico de demora", frisou.


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