Escrita pelo dramaturgo canadense Michel Marc Bouchard, a peça Tom na fazenda chega ao Teatro Poeirinha (Rua São João Batista, 104 – Botafogo) após cumprir temporadas de estrondoso sucesso no Oi Futuro Flamengo e no Sesi Centro. Sucesso, vale dizer, mais do que merecido.

A história é centrada numa premissa aparentemente simples: após a morte do seu companheiro, o sofisticado publicitário Tom (vivido por Armando Babaioff (foto), que também traduziu o texto) viaja até a fazenda da família do falecido para assistir ao funeral. Lá, acaba por descobrir que a sogra desconhecia sua existência – e nunca imaginara que o filho era gay.

No ambiente rústico da fazenda, as relações se desnudarão, explicitando as ambiguidades dos personagens: Tom; Francis, o truculento irmão do morto; a mãe. Logo todos terão os corpos marcados pela lama – cenográfica e metafórica – que emerge do solo.

A direção precisa de Rodrigo Portella é valorizada pelas interpretações viscerais de todo o elenco. Em duas horas literalmente devastadoras, questões como intolerância, homofobia, hipocrisia, sexualidade são tratadas de forma contundente e sem panfletarismo. Com tamanha potência que, terminado o espetáculo, continuam a girar dentro de nós.