19/08/2015 - 13:33

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Dica do Mês: As mil vidas de Hermínio Bello de Carvalho

19/08/2015 - 13:33

Dica do Mês: As mil vidas de Hermínio Bello de Carvalho

MARCELO MOUTINHO
O que pode parecer excepcional aos olhos de todos nós sempre foi rotina na trajetória de Hermínio Bello de Carvalho. “Imagine-se acordando no sofá da sala de Aracy de Almeida, no Encantado, e tendo seu café da manhã preparado pela própria, entre versículos do Eclesiastes e sendo chamado de matusquela”, escreve Ruy Castro na apresentação de Taberna da Glória e outras glórias - Mil vidas entre os heróis da música brasileira. Organizador do livro, Ruy se refere justamente a essa distinção de Hermínio. Uma entre tantas que o compositor, poeta e produtor arregimentou ao longo de seus recém-completados 80 anos.

Lançada pela Edições de Janeiro, a obra reúne 20 textos. São crônicas cheias de sabor e lirismo, em que Hermínio narra episódios emblemáticos dos quais tomou parte, seja como testemunha ou protagonista. A descoberta de Clementina de Jesus, por exemplo. Em 1963, a então empregada doméstica festejava na Taberna da Glória o dia da santa que dá nome ao bairro quando o produtor, voltando da praia, deparou-se com aquela voz. O resto é história. 

Também são descritos, nas 221 páginas, a gênese do espetáculo Rosa de Ouro, que revelou artistas como Paulinho da Viola, e o primeiro brinde com Pixinguinha, marcado pela frase que acabou por batizar o afeto entre os dois: “Amigos no uísque e na dor”.

Elizeth Cardoso, Dolores Duran, Sarah Vaughan são outros dos personagens do livro, que traz mais de 40 fotos do arquivo pessoal de Hermínio. As imagens flagram gravações em estúdio, festas e cenas da intimidade, como o casamento de Dona Zica e Cartola, do qual foi padrinho. Completando o volume, há o ensaio biográfico assinado pelo pesquisador Rodrigo Alzuguir.

A face de escritor aparece em segunda obra que chega às livrarias. Meu zeppelin prateado, da editora Folha Seca, compila a recente produção poética de Hermínio, com 34 textos que confirmam a multiplicidade do talento daquele que se auto-define “um grande malabarista dentro deste circo brasileiro”. Como diz o Ruy Castro, ele não para quieto.

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