28/11/2012 - 15:02

Governo estadual promete, mas recursos não chegam à Serra

As vésperas de completar um ano, a tragédia das chuvas na Região Serrana ainda é uma ferida aberta nas cidades de Nova Friburgo, Teresópolis e Petrópolis. Muitos bairros atingidos sequer passaram por programas de reconstrução ou de realocação de moradores, mesmo após a promessa feita pelo vice-governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, no mês passado.

Conforme noticiado na última edição da TRIBUNA DO ADVOGADO REGIONAL, Pezão anunciou que o governo federal havia acabado de liberar R$ 320 milhões para serem utilizados em obras para contenção de encostas, drenagem e dragagem de rios e desobstrução da rede de escoamento das águas pluviais. Além disso, haveria um investimento de R$ 370 milhões na construção de casas populares. Um mês depois, no entanto, nada foi feito.

“O sentimento na sociedade é que as coisas não estão acontecendo como deveriam. Existem iniciativas que funcionam bem, como o aluguel social. Entretanto, os investimentos, dada a grandiosidade da crise, ainda são tímidos”, afirmou o presidente da 9ª Subseção, Carlos André Pedrazzi. “Existem obras acontecendo no centro, mas em outras localidades, especialmente as mais carentes, como Morro do Rui, Conselheiro Paulino, nada mudou. No bairro Três Irmãos ainda há pedras enormes espalhadas pelas ruas. Elas podem rolar a qualquer momento”, alertou.

Segundo ele, a instabilidade política também tem contribuído para que as providências demorem mais a ser tomadas. Em novembro, a Justiça Federal afastou preventivamente o prefeito Dermeval Barboza Moreira Neto (PMDB) sob a acusação de desvio de parte da verba repassada ao município pela União depois da tragédia. “A situação política em Friburgo nos preocupa muito. Esta crise afeta diretamente a aplicação dos recursos. Precisamos agora que todos superem as divergências políticopartidárias e trabalhem mais em prol das cidades”, analisou ele.

Em Teresópolis, o cenário não é muito diferente. Diversos bairros ainda se encontram exatamente da maneira como ficaram após as chuvas e o prefeito Jorge Mário (sem partido) também foi afastado por suspeita de desvios de recursos. Prefeito interino, Arlei de Oliveira Rosa (PMDB) afirma não ter orçamento suficiente para realizar as obras emergenciais. “Existe uma incapacidade financeira do município para realizar obras que garantam a segurança da população. Por isso, estamos investindo, através da Defesa Civil, na preparação das comunidades para o caso de novas ocorrências”, disse ele em entrevista ao jornal O Globo.

Defesa Civil se empenha

para orientar moradores

O trabalho da Defesa Civil é, de acordo com as subseções locais, o que mais chama a atenção na região. Em Teresópolis, as áreas de maior risco estão sendo inspecionadas e a população, orientada sobre como agir no caso de soarem as sirenes de alerta e alarme instaladas em cinco comunidades. “Estamos em contato direto com a equipe. Eles estão sobrevoando os locais atingidos para fazer um mapeamento e também criaram o Núcleo Comunitário de Defesa Civil, cujo objetivo é preparar a população para situações emergenciais”, relatou o presidente da 13ª Subseção, Jefferson Soares.

Em Nova Friburgo, acontece o mesmo. “A Defesa Civil tem orientado os moradores. A última visita aconteceu no dia 9 de dezembro”, lembrou Pedrazzi. A subseção também tem feito a sua parte. “Além de orientar, atuamos como uma espécie de ponte entre as autoridades e a população, que, aliás, tem se movimentado bastante para pedir providências. Todo dia 12 de cada mês, surge uma caminhada, uma passeata”, elogiou.

Em Petrópolis, subseção e sociedade civil também atuam juntas: através de uma parceria com a Frente Pró-Petrópolis, a OAB/Petrópolis oferece assistência jurídica às vítimas. Segundo a coordenadora do trabalho, a secretária-geral da subseção, Josília Fassbender, o próximo mutirão será realizado no Vale do Cuiabá.


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